Como dizia o filósofo indiano, Jiddu Krishnamurti, observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana. Para a maioria das pessoas é difícil fazer observações isentas de julgamentos, críticas ou outras formas de análise sobre os indivíduos e seu comportamento.
A Comunicação Não Violenta, criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg há 30 anos, ajuda a reformular a maneira pela qual as pessoas se expressam e ouvem os outros. As palavras, ao invés de serem reações repetitivas e julgamentos automáticos, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas em fatos, sentimentos e necessidades comuns aos envolvidos.
Como constatou o psicólogo prêmio Nobel de economia Daniel Kahneman em seu livro Rápido e Devagar Duas Formas de Pensar (bem longo mas vale a leitura), estudos demonstram que as pessoas tomam decisões irracionais baseadas em vieses, crenças e emoções.
Chris Argyris, professor da Harvard University, que trabalha com modelos mentais e aprendizagem organizacional há quarenta anos, destaca como modelos mentais podem afetar fortemente nossa forma de pensar e agir. Para ele embora as pessoas não se comportem sempre de forma coerente com suas teorias esposadas: aquilo que dizem, as pessoas comportam-se de forma coerente com as suas teorias em uso: seus modelos
mentais.
O problema dos modelos mentais não está no fato de estarem certos ou errados. Por definição, todos são simplificações. Os problemas surgem quando são tácitos – quando estão abaixo do nível de consciência. Segundo psicólogos, o pensamento se dá seletivamente. Isso se aplica tanto aos observadores supostamente “objetivos, como os cientistas, quanto às pessoas em geral. (SENGE, 2011).
Na teoria de Chris Argyris, a essência da disciplina dos modelos mentais está em:
desenvolver habilidades de reflexão, desacelerar o processo de pensamento e tornar consciente o modo pelo qual se formam os modelos mentais e como influenciam as ações. Algo parecido com o que Daniel Goleman chama de Metacognição, pensar sobre o pensar;
equilibrar habilidades de indagação e argumentação especialmente ao lidar com questões complexas e conflituosas com as pessoas. Saber expor suas idéias e fazer perguntas;
enfrentar as distinções entre teorias esposadas (o que se diz) e teorias em uso (teorias implícitas nas ações).
reconhecer lapsos de “abstração” observando saltos da observação para a generalização;
articular o que normalmente não é dito, tornando o raciocínio explícito, dizendo como chegou a um ponto de vista e descrevendo os dados/fatos nos quais ele se baseia.
Assim como nas teorias acima, a Comunicação Não Violenta (CNV), é uma linguagem dinâmica que desestimula generalizações estáticas. Em CNV as avaliações devem sempre se basear nas observações específicas de cada contexto, com fatos e dados objetivos.
Observar sem julgar é uma prática constante que exige esforço e, uma intenção genuína de construir relações e ações mais efetivas e sustentáveis.
Deixar de julgar nem sempre é possível! O convite é pensar sobre isso “diminuindo o barulho” dos julgamentos. Com menos interferência dos julgamentos, aumentamos a nossa capacidade de inovar (o que muitas das empresas para as quais trabalhamos estão buscando) e de tomar decisões mais eficazes.
Se você quer conhecer e praticar essa abordagem em sua liderança ou em um processo de transformação de cultura organizacional, venha nos conhecer!
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