Aproveitando ainda o clima de dia das mães (afinal ainda estamos no mês de maio/2023), gostaria de compartilhar algumas dicas para mães (sobrecarregadas, assim como eu) que desejam obter evolução no trabalho, mantendo a saúde mental. Não tenho a intenção de que essas dicas sejam receitas para seu sucesso, longe disso. A ideia é compartilhar o que venho experimentando e que funciona para mim incentivando você a (quem sabe) criar a sua própria receita para seus próprios desafios.
Faça do seu Companheiro um verdadeiro companheiro
Essa frase é o título de um capítulo do livro Faça Acontecer, de @SherylSanberg. Eu a adotei como mantra desde o dia em que li o livro. Desde que fomos morar juntos, eu e meu marido dividimos tudo que envolve a casa, desde a burocracia (contas, seguros, pagamentos de impostos etc...) até o dia a dia (limpar, cozinhar, abastecer os armários, lavar, passar). Por que digo desde que fomos morar juntos? Porque antes dos filhos chegarem é treino, depois é a maratona de verdade. Se não há esse acordo antes, quando chegar o bebê vai pesar ainda mais para nós, mulheres (principalmente nos primeiros meses/anos). Nós quem parimos, nós quem amamentamos e, só aí, já tem um tanto de energia que vem de nós. O marido/companheiro que já estava adaptado a sustentar o sistema casa de forma colaborativa vai estar melhor preparado para receber mais inúmeras tarefas que chegarão. Muitas vezes ouço amigas dizendo que estão cansadas de dialogar/brigar/gritar sobre essa tal equidade no lar e desistem. Não desistam!!! Descansem, mas não desistam. Tornar seu companheiro um verdadeiro companheiro é tarefa essencial e vai fazer toda a diferença na sua evolução profissional e no seu bem estar. Aqui em casa não foi fácil. Quando chegou a primeira filha fluiu, quando veio a segunda a carga ficou muito pesada, porque a verdade é que tinha um saldinho que vinha carregando da primeira e quando despejei nele (no nascimento da segunda), curto circuito total. Quando minha filha mais nova tinha 4 anos havia maior equidade no nosso lar comparativamente a sua chegada! Tanto nas ações quanto na carga mental, ambos dividimos a carga mental, não só a execução. Foi fácil? Não foi nada fácil. Muitas vezes a resposta do meu marido foi: “Vamos contratar uma babá”. “Não dou conta” etc...
Recrute uma boa rede de apoio
Esse tema já está para lá de batido para quem tem filhos pequenos. Tenho certeza que você já ouviu a frase: “É preciso de uma vila para criar uma criança.” Não sei o autor, mas ouvi milhares de vezes essa frase, tive até raiva dela. Chorei sozinha no meu apartamento com uma bebê que morria de cólica (APLV). Saí em uma noite chuvosa à noite com uma bebê recém nascida para comprar buscopan (na época em que não tinha delivery como hoje). Me perguntava: “Onde está minha vila??? Socorro!!!” Então, vamos lá... Muitas vezes a vila ou a rede de apoio é a família. No nosso caso não tinha como, morávamos nós dois sem nenhum familiar em São Paulo. Amigos? Quando você tem filho recém nascido e os amigos não têm filhos você passa por uma fase isolamento social (igual à pandemia). Você não tem mais os amigos que tinha, porque eles fazem coisas que você não faz mais e nem todo mundo está disposto a mudar de vida por você. Com o passar do tempo fui percebendo que a rede pode ser próxima e não tão próxima assim. Ela pode ser voluntária ou paga. No nosso caso nossa principal rede de apoio por 5 anos foi uma ajudante ponta firme, que estava lá por nós quando precisássemos. Quando mudamos para Fortaleza percebi o quanto ela fez falta. Levei tempo para aceitar que essa ajuda paga era necessária e que eu não era a mulher maravilha que gostaria de ser. Quando me permiti receber ajuda minha vida mudou. A escola das crianças hoje é outra rede de apoio importante, lá encontro espaço para desabafar e para pedir socorro. Quando mudei para Fortaleza também fiquei próxima da minha vizinha de porta. Não nos encontramos muito, mas cada uma sabe que, se a coisa pegar, podemos contar uma com a outra. Está combinado! Outra dica: faça sua rede de apoio saber que é sua rede de apoio, acorde isso formalmente e veja com quem você pode contar, problemas e imprevistos certamente acontecerão. Se não acontecerem melhor, mas o fato de você saber que pode contar com alguém fará toda a diferença nos compromissos externos que você for assumindo.
Eleja suas principais prioridades
Sim, não dá para fazer tudo ou ficar pensando que é possível fazer tudo. Ficar se cobrando que não fez isso, não fez aquilo, não deu tempo de ver aquela live, ler aquele livro, assistir aquela série, ligar para aquela amiga não faz bem para sua saúde mental. Tudo isso só aumenta a ansiedade, o nível de cortisol, hormônio do estresse no seu corpo. Eu tenho algumas prioridades: 1) Saúde para mim e minha família. 2) Continuar aprendendo e trabalhando, com o equilíbrio maternidade/família/bem estar. Todas as minhas escolhas são guiadas por essas prioridades. Por exemplo, muitas e muitas vezes, durante a pandemia, eu trabalhei menos horas por dia para cozinhar o almoço da nossa família junto com o meu marido. Essa escolha de saúde me move a acordar todos os dias antes da casa acordar para fazer ioga. Faça CHUVA ou faça sol, todos os dias, essa é minha prioridade. As crianças vão acordando, sabem que estou fazendo ioga e brincam, pegam uma banana e esperam eu acabar, sempre foi assim? Claro que não, eu parava, trocava fralda, separava briga, amamentava e voltava para o ioga e, com o tempo, todos foram entendendo que isso é inegociável. No trabalho, a prioridade de seguir trabalhando me fez aceitar um Workshop de 8h quando Maria, minha filha mais nova, tinha 2 meses. Era um contrato com novo cliente que batalhávamos há 3 anos. Isso envolveu tirar leite, treinar mamadeira, ter meu marido em casa nesse dia para que eu conseguisse estar lá no cliente. É muito importante ter suas prioridades em mente porque elas guiarão suas ações. Elas balizarão tanto os SIMs que você diz quando os NÃOs. Por exemplo, eu adoro aprender e adoro grupos, coordenei 7 anos grupos de estudos, mas quando as meninas nasceram eu disse não para isso, mesmo gostando muito.
Faça as escolhas focadas no que faz diferença
As nossas prioridades guiam nossas escolhas anuais, mensais, semanais e diárias. E aqui não estou falando de fazer um longo planejamento estratégico da sua vida em que você se perde nas ações que não dará conta de cumprir. Não, definitivamente, não estou falando sobre isso. É muito mais intuitivo. É como saber o que é melhor porque há muita clareza e compromisso interno com o que realmente importa para você. Por exemplo, lembrem sobre minhas prioridades: Saúde e equilibrar família/maternidade/bem estar. Durante muito tempo supermercado e feira foi tarefa evitada, desvalorizada e sofrida na minha lista afazeres. Até que entendi que, se saúde é importante, comer bem, comprar e cozinhar também é. Então, agora isso mudou completamente e tem dias que mesmo tendo trabalhado o dia inteiro, e estando cansada, corro para a cozinha fazer algo gostoso para mim e a para a minha família. Já que alimentação é importante e ter tempo de qualidade em família também, eu escolho fazer todas as refeições com minhas filhas e marido. Eu mudo agenda, digo não para cliente, para qualquer pessoa que for necessário, para honrar isso. Lembram do equilíbrio trabalho/maternidade/bem estar? Então, na prática é determinar quantas horas eu trabalho por dia (no meu caso sou empreendedora e posso fazer essa escolha, que também tem consequências para mim) e isso também é negociado com as crianças, com minha sócia, com meu marido. As crianças aprenderam os limites do trabalho e da casa. Elas esperam a porta do escritório abrir, agora mãe pode estar com elas. Na pandemia elas ganharam a possibilidade de brincar no escritório, enquanto trabalho, se não me interromperem e estão aprendendo a manter esse acordo. As prioridades me ajudam as fazer escolhas de curto prazo também. O que são as duas ou três coisas que não posso acabar a semana sem fazer ou que vão contribuir muito com os meus resultados? E é isso mesmo, duas, três coisas, no máximo 4! Hoje foi: Levar as meninas no parquinho por 40 minutos de manhã (horário comercial), atender uma cliente, fazer uma proposta e escrever esse artigo. Comece a eleger suas prioridades e guiar suas escolhas a partir delas e me conte o que mudou na sua vida.
Ok está ótimo, não precisa estar perfeito
Uma das coisas que a @Sherylsanderberg fala no seu livro é que nós, mulheres, saímos antes de sair. E o que significa isso? Você está pensando em engravidar e já recusa aquela vaga que exige viajar. Ou a gente não tem certeza se vai conseguir (porque há tanto o que fazer sempre, não é?) e aí pensa: “Não, não vou conseguir, é muita coisa”. Uma outra versão do mesmo é: “Não vou conseguir fazer esse projeto, essa apresentação, essa (qualquer coisa) do jeito que gostaria, então melhor não fazer. E esse é um ponto que me perseguiu e continua perseguindo. Penso: “Nossa, para quê vou escrever esse artigo? Tanto artigo na internet, já falaram sobre isso. E também, não vai ficar do jeito que eu gostaria porque não tenho tempo suficiente para escrever........ (e a lista segue)” Então, ouça minha dica: Respire e faça! Outro dia estava em um grupo de mulheres extremamente competentes, sério, eu contrataria qualquer uma delas, e estávamos lá, cansadas, exaustas, nos perguntando como poderíamos seguir. Eu falei o seguinte: Foco no Caos. Foco. Todos os dias pense o que você faria se não fosse tão crítica com você mesma e, simplesmente, faça. Só faça! Perseguir o ótimo, o perfeito só vai impedir o mundo de receber todas as coisas lindas que você é capaz de criar. Então crie, o mundo está precisando das suas criações!
Inspiração do artigo: Livro "Faça Acontecer - Sharyl Sandberg."
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